Olá meu nome é Walter Clavera e eu estou aqui para contar um pouquinho sobre mim e sobre porque atuo hoje nesta área de gestão em saúde e no uso inteligente de sistemas de informações.
Eu sou graduado em odontologia e nos primeiros 10 anos da minha vida profissional atuei clinicamente nesta área, tanto em consultório particular quanto como funcionário público em uma prefeitura do sul do Brasil.
Durante este período, e por ter um grande interesse de tudo aquilo que trata da Saúde Pública, fui focando mais os meus esforços e estudos nesta área. Na prefeitura além de atender em consultório odontológico em uma escola de ensino fundamental passei a apoiar a equipe de coordenação do serviço odontológico da secretaria de saúde e, algum tempo depois, esta atividade ocupava boa parte do meu tempo.
Nesse tempo fiz cursos de pós graduação nas áreas de Saúde Pública e de Estratégia de Saúde da Família-ESF.
Logo depois fui convidado a participar como professor em curso de graduação em Odontologia e posteriormente em curso de pós graduação em Odontologia em Saúde Coletiva.
Nesta altura da minha vida profissional não consegui fazer tantas coisas com o nível de qualidade com o qual trabalho, e por isso acabei deixando de atender no consultório particular e um tempo depois me desliguei do cargo concursado de odontólogo na prefeitura municipal.
Nesta época passei a atuar como consultor em Saúde Pública de uma Associação de Municípios, onde atuava com 7 municípios na organização e qualificação dos serviços públicos de saúde.
Um tempo depois fui convidado para assumir a gerência, e posteriormente a Diretoria de Vigilância em Saúde da prefeitura na qual tinha atuado anteriormente.
Nessa época fui “contemplado” com o surgimento da pandemia de H1N1 e foi um período de muitos desafios e aprendizados.
Para aqueles que não conhecem a composição de uma Diretoria de Vigilância em Saúde, neste mesmo período e por força do cargo atuei como diretor destes serviços públicos simultaneamente: Vigilância Epidemiológica, do Programa Municipal de Imunização, do Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis-DST-Aids, do Serviço Municipal de Vigilância Sanitária e do Serviço Municipal de Zoonoses. Como se isso fosse pouco ainda conseguimos, junto a nossa equipe, a criação do Laboratório Municipal, da Clínica de Referência em Infectologia e do Programa Municipal de Tabagismo.
Muitos desafios e muito aprendizado!
Ainda nesta instituição tive a oportunidade de atuar e coordenar um projeto informatização da nossa Secretaria de Saúde, interligando às todas as Unidades de Saúde à nossa Secretaria. Estou falando aqui de uma época, não há tanto tempo atrás, em que a oferta de telefonia e conectividade não era tão abundante como hoje, e os sistemas de informações (softwares) disponibilizados no mercado nacional eram bastante precários.
Foi um desafio e tanto, aprender a me comunicar com pessoas tão diferentes como pareciam os técnicos e administradores da área de tecnologia, entender seus termos técnicos, começar a exercitar e visualizar processos e fluxos de trabalho, tentar entender modelos e hierarquização de dados, explicar de forma clara o que precisávamos para que isso pudesse ser transformado em rotinas de software. No início parecia estar falando com seres de outro planeta ou outra galáxia, ao final nós profissionais de saúde não pensamos e nem vemos as coisas por essa ótica!
Mas apreender era preciso e fui adiante. Depois de várias tentativas e de algumas empresas passando pelo processo de seleção avançamos no projeto e alguns excelentes resultados foram alcançados. A rede de unidades de saúde finalmente estava interligada, vários processos de trabalho passavam a ser padronizados e começávamos a ter informações sistematizadas e disponíveis em tempo oportuno para tomada de decisão.
Quando me dei conta eu tinha entrado nessa outra galáxia e tinha apreendido a me comunicar e interagir com essa “tribo” da tecnologia.
Nesta fase profissional conhecer mais desse mundo passou a ser uma necessidade, eu ainda tinha muitas perguntas como: Porque eles enrolam tanto para entregar o que prometeram? Porque eles têm tanta dificuldade de entender que a organização e forma te trabalho em saúde tem sua lógica e precisa ser respeitada? Porque, em muitos casos, combinamos algo que não é cumprido ou entregam algo tão diferente ao solicitado? ..... bem eu poderia ficar aqui um longo tempo explicando a vocês sobre as dúvidas que surgiam a todo momento.
Uma conclusão que cheguei naquela época era que eu estava com mais dúvidas do que respostas. Também entendi minha convicção de que, se fossem construídos e utilizados bons sistemas de informações em saúde estes fariam muita diferença na desburocratização de processos de trabalho, na agilidade e qualidade dos serviços ofertados e no fato de se contar com informações essenciais para se atuar nas áreas técnicas e de gestão de qualquer instituição de saúde.
Bem era hora de dar o próximo passo em direção a esta área e, logo após o término da minha atuação como diretor de Vigilância em Saúde por quatro anos, fui convidado por uma empresa de softwares de gestão para trabalhar junto a eles como analista de negócios para o desenvolvimento e qualificação de softwares nas áreas de saúde e educação. Claro que aceitei. Era minha possibilidade de conhecer esse mundo e obter respostas para minhas dúvidas, e ainda ter a oportunidade de apreender muitas coisas novas!
Descobri que se tratava de um ambiente muito diferente. Um grande grupo de técnicos especializados em diferentes áreas: arquitetura de sistemas, banco de dados, infra estrutura, análise de negócios, desenvolvimento, qualidade, suporte, implantação .... ufa, um outro mundo àquele em que estava acostumado.
Várias tecnologias sendo testadas e aplicadas, vários métodos de organização com seus adeptos desde o RUP, passando pelo XP, até aqueles que aplicam Metodologias Ágeis (Lean, Scrum, Kanban e outras). Em algumas empresas vários sendo utilizados e testados, empirismo à flor da pele. Que mundo legal de se conhecer!
E quanto mais eu fui conhecendo mais respostas eu tinha para as minhas dúvidas e questionamentos iniciais. Quantas respostas e novos questionamentos.
E neste mundo tem obviamente os pontos de contato e interseção com os setores de saúde e educação, para várias empresas, estes setores são seus clientes diretos dos seus softwares de gestão. E é aqui que acredito que ainda há um abismo entre os dois grupos. As empresas de software em seu esforço por melhorar isso, via de regra, contratam profissionais técnicos destes setores (saúde e educação) para interagir como as equipes técnicas nas instituições clientes, mas em muitos casos estes profissionais não conhecem a fundo o próprio software da empresa em que atuam ou não tem um perfil tão adequado para resolver os problemas enfrentados no dia a dia. Tem também na maioria dos casos problemas contratuais, promessas feitas e não cumpridas, prazos invariavelmente postergados e vários outros fatores de bastidores que tornam ainda mais complexa esta integração entre as partes.
Bem espero ter trazido um pouco da minha trajetória e do meu olhar sobre estes dois setores tão importantes e que precisam tanto melhorar, a cada dia, seus processos de trabalho e comunicação para o bem da saúde da nossa população!
Te convido a deixar seus comentários e me contar a tua vivência e experiência nesta área para conhecer mais e enriquecer este debate.
Agradeço muito pela sua atenção e até o nosso próximo encontro!
Walter Vázquez Clavera
Redes de Saúde
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